Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são utensílios ou dispositivo destinados contra possíveis riscos à saúde ou segurança durante o trabalho, sendo de responsabilidade do empregador oferecer número de EPIs adequados para seus colaboradores. A falta desses ou utilização incorreta dos EPIs, além do não fornecimento dos mesmo por parte dos empregadores, são frequentemente as causas mais comuns dos acidentes em estabelecimentos de comércio de alimentos e cozinhas comerciais. A utilização e a escolha correta dos EPIs são fundamentais para minimizar a exposição dos colaboradores aos riscos de acidentes durante o trabalho, devido muitas dessas atividades serem consideradas de alto risco ou alta intensidade do ponto de vista de esforço físico repetido, podendo ocasionar prejuízos à condição física e/ou postural dos colaboradores.
Desta forma, é fundamental a utilização dos equipamentos de proteção individual apropriados para cada função/ setor do trabalho, de acordo com os tipos de equipamentos e/ou utensílios que serão utilizados, afim de evitar o risco de ocorrência de acidente apresentado pela realização de cada atividade. É necessário a realização de treinamento e capacitação frequente da equipe sobre o uso adequado e a importância destes EPIs na prevenção de acidentes de trabalho, manutenção da integridade física dos colaboradores, manutenção em condições adequadas, além da responsabilidade do empregador de oferecer número de EPIs adequados para seus colaboradores (CET,2003).
Segundo estudo realizado pelo Ministério de Previdência e Assistência Social, o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking de maior número de acidentes ocorridos no trabalho. Entre 1971 e 2002, morreram mais de 120 mil pessoas e outras 300 mil ficaram inválidas devido a esses acidentes. Já um estudo realizado em restaurantes da grande São Paulo, nos anos de 1988 e 1998, a partir de 530 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), foi constatado que 57,5% dos acidentes ocorreram na cozinha. As principais categorias de acidentes foram:
📛 queimaduras (45,8%);
💢 lesões osteomusculares (40,6%);
⭕️ outras (13,5%).
Submeter uma pessoa a executar atividades sob condições de trabalho inadequadas que tragam prejuízos, imediatos ou futuros, a saúde dela, em qualquer duração de jornada ou tipologia de tarefa, vem de encontro ao artigo 1º da Constituição Federal de 1988 (CF/88), constituindo-se, dessa forma, em algo que deveria ser prontamente rejeitado por todos os cidadãos, sejam eles trabalhadores ou empregadores. Ainda na CF/88, no Capítulo II do Título II, são estabelecidos os direitos do cidadão brasileiro, destacando-se os direitos à saúde, à segurança e à previdência social. Entre os direitos, deve ser observada a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (inciso XXII). No artigo 157 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) são estabelecidas as competências das empresas e no artigo 158 às atribuições aos trabalhadores no que se refere a prevenção a acidentes de trabalho, que devem ser seguidas em todas as esferas de trabalho no Brasil.
Verificar a utilização dos EPIs antes e após aplicação de um programa de treinamento em uma cozinha comercial (UAN);
Comparar os resultados obtidos com a legislação;
Elaborar e aplicar um programa de treinamento;
Verificar a eficácia do programa a partir de nova identificação da utilização dos EPIs.
Trata-se de um estudo do tipo descritivo observacional, transversal com coleta de dados primários de caráter intervencionista.
O estudo foi realizado em restaurante voluntário localizado na região Sul do município de São Paulo, que é uma empresa prestadora de serviços na área de alimentação e nutrição, com gestão própria e produção de aproximadamente 430 refeições por dia.
O estudo foi realizado nos meses de agosto e setembro do ano de 2019. No mês de agosto, foi realizado o diagnóstico através da aplicação do checklist para verificar a utilização dos EPIs pelos colaboradores da empresa, e em setembro foi realizado um programa de treinamento de EPIs como intervenção. Logo após, foi aplicado o checklist novamente para verificar as possíveis mudanças na utilização dos EPIs.
Os critérios de inclusão para o estudo foi funcionários de todos os setores da UAN, como os de pré-preparo, preparo, distribuição, armazenamento e estocagem de alimentos. Não houve critérios de exclusão para realização do estudo
Elaborou-se um checklist baseado na legislação e realizando uma adaptação para aplicação na referida unidade.
Primeira fase – diagnóstico (três dias consecutivos da penúltima semana do mês de agosto - 20, 21 e 22 de agosto);
Segunda fase – intervenção (segunda semana do mês de setembro);
Terceira fase – pós intervenção (terceira semana do mês de setembro).
Primeiramente, para o levantamento das informações da primeira fase (diagnóstico), foram escolhidos três dias consecutivos da penúltima semana de agosto. Nesses dias, cada uma das três estagiarias, aplicou o checklist no local onde estão inseridas (produção, estoque e distribuição). Foi verificado a utilização dos EPIs de forma observacional, e posteriormente foi anotado os dados, com o objetivo de evitar mudança de comportamento dos colaboradores.
Após o levantamento dos dados da fase diagnóstica, foi elaborado uma dinâmica chamada ''Cada equipamento em sua bancada''.
Na semana seguinte da aplicação do treinamento, foi aplicado novamente o checklist da mesma forma que na fase diagnóstica, com a finalidade de avaliar a eficácia da dinâmica.
Nome fantasia: ''Cada equipamento em sua bancada''
Duração: 30 minutos
Público alvo: Colaboradores de uma cozinha comercial
Objetivo da atividade:
Incentivar o raciocínio e assimilação da necessidade do uso dos EPIs;
Reforçar a importância do uso dos EPIs no dia a dia para evitar futuros acidentes;
Demonstrar quais situações cada equipamento se faz necessário;
Criar uma maior proximidade dos colaborados com os equipamentos.
Descrição da atividade: Em uma sala, foram dispostas duas bancadas, uma contendo fotos dos EPIs que devem ser utilizados na cozinha e outra contendo desenhos dos locais com situações onde esses EPIs devem ser utilizados.
Nela, os colaboradores foram separados em dois grupos. Cada grupo recebeu uma história e após a leitura e assimilação as estagiárias orientaram para que um membro de cada grupo lesse a sua história em voz alta. Em seguida, um participante do grupo 1 irá até a bancada e pegar o equipamento adequado para a situação e posteriormente ir a outra bancada e pegar o desenho que represente o local onde o EPI é necessário. Em seguida o grupo 2 seguiu a mesma dinâmica.
Será vencedor o grupo que conseguir agrupar de maneira correta o maior número de equipamentos. Deverá ser seguida a ordem em que a situação apareça na história.
Recursos humanos: Colaboradores da UAN (público alvo) e estagiárias (Sétimo e Oitavo semestre) que aplicaram a dinâmica.
Recursos materiais: Duas bancadas; fotos dos EPIs; desenhos dos locais com situações onde esses EPIs devem ser utilizados; duas folhas de papel com as histórias entregues aos grupos.
A partir da nova aplicação do checklist. Temos os resultados do antes e depois para analisar a eficiência do treinamento que aplicamos. Levantar outros artigos para comparar com os nossos resultados.
É evidente a importância da segurança no trabalho e o seu consequente uso adequado de EPIs em unidades de alimentação e nutrição, entretanto, este assunto não é muito abordado em pesquisas e trabalhos realizados no país, resultando em uma escassez de referências para os profissionais envolvidos neste segmento.
Observou-se que a unidade analisada necessita de um programa de capacitação, através de um treinamento para toda a equipe, pois apesar da UAN disponibilizar todos os EPIs, há uma falta de utilização dos mesmos pelos funcionários, sendo necessário, ressaltar a importância do uso adequado dos EPIs para a prevenção de acidentes durante a execução do trabalho diário.